Com uma série de três concertos programados para comemorar os 275 anos de vida do órgão ibérico do Mosteiro de Arouca, teve lugar no dia 20 de outubro o segundo desses concertos, com o organista titular da Igreja da lapa, Tiago Ferreira, a dar vida ao rei dos instrumentos musicais.
O primeiro desses concertos teve lugar no passado dia 7 de julho com a atuação do grupo musical “Ventos do Atlântico”. O próximo concerto ocorrerá no dia 24 de novembro com a atuação, além do órgão, de outros instrumentos barrocos de cordas e flautas.
O Órgão Monumental
Exibindo a data de 1743 na sua fachada barroca, o órgão de tubos do Mosteiro de Arouca foi fabricado por Manuel Bento Gomes Ferreira, natural de Valhadolid, residente, então, em Lisboa e autor também do órgão da Capela da Universidade de Coimbra. Ao que se sabe, a sua construção iniciou-se em Lisboa em 1739, tendo sido implantado no Coro alto em 1743, na zona localizada entre o coro das freiras e a igreja do mosteiro, o que tem feito dele, ao longo dos anos, um instrumento não só para a liturgia, como também para a execução de concertos diversos.
Possuindo 1352 vozes, alimentadas por 24 registos, alguns deles imitando a trombeta de batalha, trombeta real, baixos imitando o mar agitado, registo de bombo, registo de vozes de canários, registo de vozes de ecos, flauta, clarinetes, flautins, trompas, etc. este órgão ibérico é considerado pelos especialistas um dos instrumentos mais importantes da escola de organaria ibérica em todo o mundo.
Tendo sido já objeto de obras de restauro há mais de duas décadas, a última intervenção foi feita em 2009, em Barcelona, durante um ano e esteve a cargo da empresa Gerhard Grenzing, considerada líder na recuperação de órgãos. Graças a um cuidadoso trabalho foi possível recuperar-se a sonoridade original deste órgão, uma vez que restauros anteriores lhe haviam adulterado a sua identidade sonora.
Apesar dessas vicissitudes, ao longo dos tempos, este órgão 275 anos depois de instalado no Mosteiro de Arouca, continua a encantar os ouvintes com as potencialidades da sua extraordinária sonoridade.
No passado sábado dia 20 de outubro, no segundo dos concertos programados para esta efeméride, o público que aí acorrer pode, uma vez mais, comprovar isso.
O Concerto
Promovido pela Real Irmandade da rainha santa Mafalda, com o apoio da Câmara Municipal de Arouca, este segundo concerto teve lugar no dia 21 de outubro, tendo como protagonistas o órgão ibérico e o organista Tiago Ferreira da Igreja da Lapa e maestro do coro da Sé do Porto. Foram interpretadas obras de compositores do sec.XVII, tais como Manuel Rodrigues Coelho, Frei Diego da Conceição, Pablo Bruna, Pedro de Arauxo e Johann Sebastian Bach.
O reportório que fez parte deste concerto foi seleccionado pelo organista, tendo em conta as características sonoras deste órgão, o que permitiu ao público apreciar a beleza acústica de toda a sua sonoridade, como ainda escutar alguns dos registos mais raros deste órgão.
Dado que o teclado deste órgão, localizado no coro alto do Mosteiro, não permite a sua visibilidade, por parte do público, a extraordinária sonoridade deste concerto foi completada e enriquecida com a projecção, em tela gigante, do organista que explorou todos os recursos acústicos deste magnífico órgão ibérico. Esse suporte visual permitiu, assim, que o público pudesse também acompanhar não só o teclado e os registos desta rara peça organeira como também seguir a expressão corporal do seu organista. Na opinião de vários ouvintes este terá sido um dos melhores concertos ocorridos neste rico espaço barroco do Mosteiro de Arouca, como o é o seu emblemático cadeiral.
O concerto terminou com uma improvisação do organista sobre o Hino da Rainha santa Mafalda com que todos os anos se encerram os festejos da padroeira de Arouca.
José Cerca
In MiranteOnline
O primeiro desses concertos teve lugar no passado dia 7 de julho com a atuação do grupo musical “Ventos do Atlântico”. O próximo concerto ocorrerá no dia 24 de novembro com a atuação, além do órgão, de outros instrumentos barrocos de cordas e flautas.
O Órgão Monumental
Exibindo a data de 1743 na sua fachada barroca, o órgão de tubos do Mosteiro de Arouca foi fabricado por Manuel Bento Gomes Ferreira, natural de Valhadolid, residente, então, em Lisboa e autor também do órgão da Capela da Universidade de Coimbra. Ao que se sabe, a sua construção iniciou-se em Lisboa em 1739, tendo sido implantado no Coro alto em 1743, na zona localizada entre o coro das freiras e a igreja do mosteiro, o que tem feito dele, ao longo dos anos, um instrumento não só para a liturgia, como também para a execução de concertos diversos.
Possuindo 1352 vozes, alimentadas por 24 registos, alguns deles imitando a trombeta de batalha, trombeta real, baixos imitando o mar agitado, registo de bombo, registo de vozes de canários, registo de vozes de ecos, flauta, clarinetes, flautins, trompas, etc. este órgão ibérico é considerado pelos especialistas um dos instrumentos mais importantes da escola de organaria ibérica em todo o mundo.
Tendo sido já objeto de obras de restauro há mais de duas décadas, a última intervenção foi feita em 2009, em Barcelona, durante um ano e esteve a cargo da empresa Gerhard Grenzing, considerada líder na recuperação de órgãos. Graças a um cuidadoso trabalho foi possível recuperar-se a sonoridade original deste órgão, uma vez que restauros anteriores lhe haviam adulterado a sua identidade sonora.
Apesar dessas vicissitudes, ao longo dos tempos, este órgão 275 anos depois de instalado no Mosteiro de Arouca, continua a encantar os ouvintes com as potencialidades da sua extraordinária sonoridade.
No passado sábado dia 20 de outubro, no segundo dos concertos programados para esta efeméride, o público que aí acorrer pode, uma vez mais, comprovar isso.
O Concerto
Promovido pela Real Irmandade da rainha santa Mafalda, com o apoio da Câmara Municipal de Arouca, este segundo concerto teve lugar no dia 21 de outubro, tendo como protagonistas o órgão ibérico e o organista Tiago Ferreira da Igreja da Lapa e maestro do coro da Sé do Porto. Foram interpretadas obras de compositores do sec.XVII, tais como Manuel Rodrigues Coelho, Frei Diego da Conceição, Pablo Bruna, Pedro de Arauxo e Johann Sebastian Bach.
O reportório que fez parte deste concerto foi seleccionado pelo organista, tendo em conta as características sonoras deste órgão, o que permitiu ao público apreciar a beleza acústica de toda a sua sonoridade, como ainda escutar alguns dos registos mais raros deste órgão.
Dado que o teclado deste órgão, localizado no coro alto do Mosteiro, não permite a sua visibilidade, por parte do público, a extraordinária sonoridade deste concerto foi completada e enriquecida com a projecção, em tela gigante, do organista que explorou todos os recursos acústicos deste magnífico órgão ibérico. Esse suporte visual permitiu, assim, que o público pudesse também acompanhar não só o teclado e os registos desta rara peça organeira como também seguir a expressão corporal do seu organista. Na opinião de vários ouvintes este terá sido um dos melhores concertos ocorridos neste rico espaço barroco do Mosteiro de Arouca, como o é o seu emblemático cadeiral.
O concerto terminou com uma improvisação do organista sobre o Hino da Rainha santa Mafalda com que todos os anos se encerram os festejos da padroeira de Arouca.
José Cerca
In MiranteOnline